domingo, 22 de novembro de 2015

O PACTO DAS CATACUMBAS


Sinopse:
No dia 16 de novembro de 1965, quando o Concílio Vaticano II já se aproximava do fim, 40 bispos reuniram-se nas catacumbas de Santa Domitila, em Roma, para celebrar a Eucaristia e assinar um documento em que expressavam o seu compromisso pessoal com os ideais do Concílio: viver um estilo de vida simples e a exercer o seu ministério pastoral de acordo com critérios evangélicos. O Pacto das Catacumbas é, sem dúvida, um compromisso pessoal de cada um daqueles bispos, mas é também, simultaneamente, um desafio para toda a Igreja e um instrumento para aferir a sua fidelidade ao Evangelho. 

Para compreender este gesto é necessário recuar três anos antes, ao momento em que se constituiu o chamado grupo «Igreja dos pobres», na sequência do apelo radiofónico de João XXIII: «Perante os países subdesenvolvidos, a Igreja mostra-se como aquilo que ela é e quer ser: a Igreja de todos e, sobretudo, a Igreja dos pobres» (Mensagem de 11 de setembro de 1962). Até ao fim do Concílio, o grupo reúne-se quase semanalmente para refletir sobre o que acontecia nas assembleias plenárias à luz do tema «Igreja dos pobres». E, a algumas semanas do fim dos trabalhos conciliares, «viveu a dor de ver que os pobres, como sempre, eram esquecidos» (Bárbara Bucker). 

Dessa dor brotou uma proposta de vida pobre entre os pobres, ao estilo de Jesus de Nazaré: o Pacto das Catacumbas. 

«Quando os bispos do Pacto das Catacumbas constatam que os pobres não são o centro de projetos para o futuro, sentem com dor a separação entre uma Igreja adaptada aos tempos modernos, mas longe de iniciar a aventura da fraternidade que Jesus começou no meio dos Título: O PACTO DAS CATACUMBAS Subtítulo: A missão dos pobres na Igreja Coordenadores: Xabier Pikaza | José Antunes da Silva Coleção: Igreja no Tempo Editora: Paulinas Editora Páginas: 248 Formato: 14x1,7x21 PVP: 15,00€ CB: 5603658174281 ISBN: 9789896734916 1ª Edição: 16 de novembro de 2015 Paulinas Editora R. Francisco Salgado Zenha, n.º 11 2685-332 Prior Velho Tel.: 219 405 640 Fax: 219 405 649 Tm: 962 139 055 e-mail: carlos.rito@paulinas.pt pobres. [...] A modernidade afetou a história da humanidade. A Igreja, porém, teve mais cuidado em responder aos desafios do mundo moderno do que em dar os sinais do Reino. Eram tempos de grandes mudanças a nível das ciências e das técnicas, com um extraordinário desenvolvimento da inteligência no domínio objetivo das coisas. A invasão de carácter tecnológico levou a uma coisificação do ser humano associada ao esquecimento da ética como base das relações humanas, desde o dinheiro para a missão até às alianças com o poder económico» (Bárbara Bucker). 

«Na América Latina, os cristãos empenhados na Igreja e na sociedade em perspetiva libertadora constaram logo que a relevância do Pacto das Catacumbas estava não só no teor de suas resoluções, como também em sua metáfora. No "regresso às fontes" do Vaticano II, os signatários do Pacto resgatavam a Igreja perseguida das "catacumbas", mas, ao mesmo tempo, faziam das catacumbas uma metáfora viva, expressão da Igreja profética, regada pelo sangue de milhares de mártires, derramado na fidelidade a "uma Igreja pobre e para os pobres, para ser a Igreja de todos". A exemplo dos primeiros cristãos, que haviam feito das catacumbas lugar de resistência à perseguição, a Igreja na América Latina, engendrada na tradição libertadora de Medellín, de forma dramática, logo faria a experiência, na própria carne, que "a libertação é um ideal não dos vencedores, mas dos vencidos; um movimento de resistência no exílio" (L. Boff)» (Agenor Brighenti). 

«Na carta que escreveu recentemente a todos os consagrados, o papa Francisco diz que olhar para o passado é também uma maneira de tomar consciência do modo como temos vivido o nosso carisma através dos tempos, e permite-nos "descobrir incoerências, fruto das fraquezas humanas, e talvez mesmo qualquer esquecimento de alguns aspetos essenciais do carisma. Tudo é instrutivo, tornando-se simultaneamente apelo à conversão". Francisco sonha com uma Igreja pobre ao serviço dos pobres e apresenta os pobres como a chave hermenêutica para compreender a missão da Igreja. Se a Igreja se esquecer dos pobres perde credibilidade e os critérios-chave de sua autenticidade e autoridade» (José A. da Silva).

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