terça-feira, 28 de maio de 2013

ENCONTRO de FÁTIMA - 25 Maio 2013

Decorreu nos dias 25 e 26 de Maio, em Fátima, o Encontro anual dos antigos alunos do Verbo Divino. As saudações foram efusivas no reencontro de amigos. Há sempre alguém que aparece de novo, merecendo atenção especial ao ser reconhecido pelos antigos colegas. 
    
O ponto central  deste Encontro foi a solene missa vespertina na Capela do SeminárioHouve um planeamento cuidado, com um ensaio prévio para acertar detalhes, e distribuição aos participantes de um livro individual de cânticos. No órgão electrónico esteve o Madeira Antunes, com acompanhamento de dois acordeonistas João Fernando e Vanessa, e na viola o José Macedo, sendo os cânticos assegurados por um coro. A missa foi presidida pelo novo Provincial da Congregação, Pe. António Leite, sendo concelebrante o Pe. Américo Meneses. A iniciar o Presidente da associação leu uma saudação aos presentes.


Na homilia da festividade da Santíssima Trindade, o celebrante foi incisivo nas suas palavras, frisando que “aquilo que somos é construído por nós”. A beleza dos cânticos e o som dos instrumentos musicais, transmitiram entusiasmo aos participantes. Por ser o mês de Maria e estarmos em Fátima, o final da missa teve uma dedicação especial a Nª Senhora, com dois acordeonistas a cantarem em despique a Acção de Graças com quadras alusivas ao momento, encerrando com uma linda canção a Nª Senhora de Fátima. No fim, os aplausos expressaram o agradecimento aos solistas, coro e executantes musicais.

Após o jantar, alguns aproveitaram para ir ao Santuário e participar na procissão das velas. A animação recreativa esteve a cargo do José Freire, que distribuindo pelos presentes a sua panóplia de apetrechos de acompanhamento musical, pôs toda a gente a cantar e a vibrar com as suas pantominas. Não há dúvida, é dotado de um carisma que consegue animar toda a malta!

Perto da meia-noite começou a tradicional ceia, que ao longo dos anos tem ganho estatuto de momento especial. Esta tradição começou há cerca de quarenta anos, com o aproveitamento das sobras do piquenique no pinhal à hora de almoço, nos primórdios dos encontros.em Fátima. Actualmente tem um cariz bem refinado, em que cada um procura trazer um petisco regional ou a sua especialidade caseira, em que tudo é posto em comum. A mesa estava composta com presunto, salpicões, pataniscas, diversas iguarias, bolos regionais e o pão-de-ló de Avintes. Havia vinho verde espadeiro, branco e tinto, de produção própria ou de marca credenciada; e garrafas de maduro dos melhores vinhos regionais. O beirão Leonel, num gesto de simpatia, mesmo sendo ano de fraca produção, trouxe caixas com as afamadas cerejas da Cova da Beira, que a todos deliciaram e desapareceram num ápice. Este espaço de convívio terminou com grande animação!
No Domingo houve uma romagem ao cemitério de Fátima, para evocar a memória de antigos colegas e educadores verbitas ali sepultados. 

A associação teve a sua Assembleia-geral para cumprir as
formalidades legais e debate de temas da actividade interna.

Antes do almoço, teve lugar a tradicional foto de grupo na escadaria de acesso à portaria do Seminário, que reuniu grande parte da centena de participantes. Neste ano, as despedidas foram mais rápidas por causa da Final da Taça de Portugal. Alguns vimaranenses rumaram ao Estádio Nacional do Jamor, enquanto outros se dirigiram para casa a fim de seguir o jogo pela televisão. Foi vivida mais uma jornada de grande confraternização verbita, que nos uniu e deixou satisfeitos.

  
  

Comentário(s):

Em minha opinião a vida associativa tem andado um tanto adormecida, devido à falta de contacto regular com os associados.
Dado que o Lux Mundi só tem saído duas vezes por ano, a sua missão é reportar as actividades realizadas, servindo de memória para futuro e como informação para quem não tem acesso à Internet. Cabendo à Direcção orientar o órgão informativo, assim ficou confirmado na última Assembleia-geral.
No tempo actual, há necessidade de um "site" ou um "blog", para informar em cima dos acontecimentos!
Como referes, só com interesse, entusiasmo, alegria e partilha se pode conseguir uma AAVD dinâmica! De facto este é o desafio que se coloca às várias gerações de antigos alunos.
O BLOG Sabor da Beira tem conseguido informar e dinamizar o espaço que engloba os beirões, que residem em terras beirãs e na zona da grande Lisboa. Portanto, no tocante às Zonas Centro e Sul, além da cobertura das actividades regionais, há informação e artigos de opinião que vão mantendo a "alma verbita". Mas faz falta uma cobertura a nível nacional.
Está visto que não pode ser o grupo dos mais velhos a "puxar" pela associação, pois é preciso fazer algo para agitar e renovar a via associativa. Seria bom que surgisse alguém eivado de novas ideias, que estivesse disposto a assumir a orientação dos destinos da AAVD. Este assunto não sendo premente, tem de ser considerado visto que no próximo ano, na Assembleia-geral de Maio, serão eleitos novos Órgãos Sociais para o triénio 2014/2017. É preciso encontrar uma solução.........
Esta é a reflexão que deixo à consideração de todos os associados!
Saudações verbitas,
António Pinto

domingo, 19 de maio de 2013

o tempo é...

Uns, poucos, ainda puxam puxam. Ainda que poucos, de tanto puxar com os movimentos por coordenar, mais que puxar, é ao próprio corpo que estão a rasgar. Saem-me estas palavras para descrever o momento da vida associativa dos antigos alunos do verbo divino. Caracterizo-o como o movimento dos sem tempo. O relógio parado não cede ao des-equilíbrio, nem ao balanço da vida. Imóvel, permanece ano após ano, num repetir que não o faz renascer de uma letargia consentida onde mal se tem tempo para o decalque. Coragem?... é ir e carregar com o fardo da obrigação de acordar o querubim enfadado, que não rejubila com a graça de um tempo novo e real e reinventado.

É mais do que o tempo para assumir que a aavd está bem, é legal e tem estatutos mais do que suficientes e exigentes para viver por muitos e longos anos, no papel. A aavd está viva e pronta para nos responder a qualquer momento. Assim ousemos questioná-la com tempo, com o nosso tempo individual. Se não temos tempo, para que ousamos questioná-la ano após ano, tentando tirar-lhe a vida de um papel, a vida que só nós lhe podemos devolver com o nosso tempo?

Tempo é igual a interesse, interesse é igual a entusiasmo, entusiasmo é igual a alegria, alegria é igual a partilha, partilha é igual a solidariedade e (...). O que falta na aavd é o meu, o teu, o nosso tempo, o tempo que completa o ciclo da vida, sem interrupções e sem "romagens". A dinâmica da aavd tornou-se, em nome da memória dos seus fundadores e grandes mentores, numa romagem com, cada vez, menos actores, transformando-se num cenário deprimente de espectadores indiferentes.

A cada evento se torna mais evidente o penoso o arrastar de um lista com a meia dúzia de inscritos do costume que, com a aproximação das datas, se transforma numa pedinchice lamentável de mensagens, recados e telefonemas, numa quase suplica pela presença dos seus pseudomembros. Um triste cenário de que venho sendo testemunha e que, em nome da dignidade, não quero esconder mais, basta! 

Em termos de comunicação os ritmos são insuportáveis, entre a realização dos eventos e a sua notícia, sendo optimista, são, no mínimo, três meses de grande expectativa pela chegada do correio. Nem os leitores imaginam as dores de cada "parto", o sangue, o suor e as lágrimas dos parteiros. Mas finalmente chega o jornal, para nos preencher a alma de não tempo. O nosso querido lux mundi é uma sombra que corre penosamente atrás do tempo e que nos persegue, sem nunca nos alcançar. Em nome de uma resposta de duvidosa eficácia, mais uma vez, se vai perder o tempo a discutir uma coisa para a qual (já) não há (mais) tempo. O argumento que mantém a lógica do papel por via dos companheiros mais velhos e do registo que fica para os vindouros deixa-me embuchado! A nossa passagem pela comunidade do verbo divino trouxe-nos uma particular visão do mundo e das suas imensas possibilidades em termos de pensamento e de vivências. Recuso-me a admitir que os que tiveram um percurso semelhante ao meu se sintam incapazes do que quer que seja. O desafio é a marca transversal das várias gerações verbitas que se traduz na diversidade de formas de estar e de ser e no caminho que cada um escolheu. O desafio das novas tecnologias é uma obrigação e ninguém vive debaixo de uma pedra! Como movimento associativo é um dever, promover social e culturalmente os seus sócios. O registo que nos deve perseguir é o de inscrever no futuro a nosso marca, para manter actualizados os nossos desejos e para satisfazer, a tempo, a nossa curiosidade. É inevitável, e mesmo os mais resistentes às novas tecnologias o vão reconhecer.

O tempo é o sangue da vida, o tempo é o teu e é o meu. Nenhum de nós é tão pobre ou tão soberbo para recusar uma dádiva do seu sangue a um corpo que é comum e exige a tua e a minha gota. Mas sejamos práticos e realistas!

sábado, 4 de maio de 2013

A Irrealidade


Francisco Barroso
Maio 2013

O que parecia impossível aconteceu, mas é que aconteceu mesmo. A realidade dos últimos anos virou a minha vida e talvez a de alguns de vós também, de pernas para o ar. Para ser mais rigoroso, não foi a realidade, foram antes os sonhos que construí com a realidade anterior à destes tempos de agonia.

Uma vida tão bonita que eu tinha (e tenho), mas os sonhos, esses, desvaneceram-se. Converteram-se em pesadelo.

Aos 58, mais coisa menos coisa, reforma correspondente ao salário. Filhos criados, a construir o futuro deles. Uns bons anos em perspectiva para viver aquilo que os anglo-saxónicos designam de 2.ª life. Plantar umas árvores na minha Gardunha, visitar países onde não tive ainda possibilidade de ir, agarrar a vida com as mãos e fazer dela o que me desse na real gana.

A verdade é que a reforma está cada vez mais longe e o seu valor perspectiva-se cada vez menor. O salário, cada vez mais baixo. O trabalho cada vez mais: E o pior: os filhos sem futuro. Se isto não é um pesadelo é o quê?

Ontem ouvi o Passos Coelho e o Seguro. Deprimi. No dia 1 de Maio ouvi o Arménio Carlos e não entendi. Incapacidades minhas, admito. Mas eles também se mostram incapazes de aceitar a realidade. Refugiam-se num sonho, que é o deles, de onde se recusam a sair. O discurso do Arménio estava bem construído, mas ignora um aspecto da realidade por demais conhecido: o país está falido. O Passos e o Gaspar, cretinos do mais alto calibre, discursam como se a governação fosse um mero exercício de contabilidade e não houvesse pessoas reais pelo meio.

A minha Cristina anda arrasada. Já era para se ter reformado o ano passado. Vai lá vai. Os educandos cada vez mais difíceis, cada vez menos atentos, cada vez menos respeitadores. São o reflexo perfeito da modernidade líquida, um tempo de mudanças e movimentos constantes, onde nada solidifica, tudo é instável, fragmentado e disperso, determinado pelo curto prazo e pela incerteza permanente, como a define Zygmunt Bauman, um dos grandes pensadores do nosso tempo.

Depois, aqui para nós que ninguém nos ouve, eu penso que ela, aliás como a maioria das professoras, deve ter uma paixão platónica pelo Ministro da Educação. É que chega a casa depois de um dia de trabalho e antes do jantar e depois do jantar ainda se agarra ao computador, a preencher fichas de alunos, a fazer relatórios, a fazer avaliações. Chega a trabalhar 10, 12 horas por dia em certas alturas e acho que há muitas assim. Há algum tempo, comentei isto com o Zé Teodoro e diz-me que a Idalina (a mulher dele) é igualzinha.

Acho que é por estas e por outras que agora falam de aumentar a semana de trabalho para as 40 horas. É que eles não são burros são é velhacos. Sabem perfeitamente que a maioria dos trabalhadores são de grande dedicação e profissionalismo, trabalham muito para além do que eles merecem, mas fazem-no pelo sentimento do dever. Fazem-no apesar da redução dos salários e da afronta permanente de que são alvo.

Completamente diferente deles e dos amigos que nomeiam para o desempenho de altos cargos. Veja-se o caso da gestão do Metro do Porto. Da Carris. Da Refer. Do BPN. O problema de Portugal, não é dos que servem o país, nas empresas ou no Estado, é antes dos que se servem do país e coberto de um quadro legal que só funciona numa direcção, apesar das leis deverem ser de aplicação geral e abstracta, nunca são responsabilizados pelo mal que lhe causam.

Mas já me estava a perder. Para além disto, a pobre da Cristina tem ainda de cuidar da mãe. Já incapaz de fazer coisas tão simples como tomar um simples duche. Imaginem o que será dar banho a uma versão menor do Colosso de Rodes (já há cerca de 20 anos o cardiologista Fernando Pádua lhe assegurou que o problema principal dela eram duas arrobas a mais). Ele é frente, ele é verso, é cabeça, é pernas, uma verdadeira estafa.

Confrange-se-me o coração de a ver assim. O trabalho, a mãe, os filhos, ela e eu, acrescendo a tudo isto que a minha mãe aos 90 anos ainda se recusa a ver-me como um simples pecador e me vê como um santo… e o esforço que isso me exige para não a desiludir.

Então, no jardim das oliveiras em que se tornou ultimamente a minha vida, tal como Cristo, tive uma revelação: o cálice deve ser bebido até à última gota. E percebendo que fui criado à imagem e semelhança de Deus, e que eu próprio sou um fragmento de Deus, como uma gota de água é um fragmento do oceano devo fazer meu, o seu exemplo: servir.

Se Ele na última ceia lavou os pés aos apóstolos, por que raio não posso eu sair da minha zona de conforto, do meu egoísmo, para tornar a vida dos outros mais tranquila e mais feliz?

Na verdade, o sacrifico só é doloroso antes de compreender esta realidade. Todos os homens venerados. Aqueles que mais admiramos, transmutaram o serviço aos outros de sacrifício, no prazer do altruísmo.

Estou quase lá ou não estou? E sinto-me melhor…